Já que Fernando Santos não é capaz de decidir, se tivessem de escolher dos seus 100 jogos à frente da seleção qual o que mais os marcou, 11 milhões em cada 11 milhões de portugueses, salvo casos excecionais merecedores de estudo, escolhia o 22.º. Esse mesmo, aquele em que levámos com a luva branca de um indivíduo a quem ninguém dava a última bolacha do pacote. Ouviu uma nação gritar em uníssimo “chuta” e, ao minuto 109, concretizando o pedido, chutou. O Europeu veio para casa e o engenheiro lá fez a obra que projetou.
A fazer a centésima internacionalização contra a Chéquia, o engenheiro Fernando Santos voltou a demonstrar capacidades para a gestão. Talvez não tanto como os profissionais que gerem a conta bancária de Cristiano Ronaldo, mas os jogadores portugueses não se podem queixar que o selecionador não olha pela condição deles. Provam-no as quatro mudanças no onze inicial que o técnico nacional operou face ao jogo com a Suíça.
Mesmo assim, roda a equipa e toca o mesmo. Novamente, Portugal deixou que os primeiros minutos do jogo fossem repartidos. O atraso da seleção das quinas em se afirmar no jogo quase custou um desgosto. As primeiras grandes oportunidades de golo foram da Chéquia. Felizardo aquele que apanhou a bola que Sadilek enviou para a bancada quando podia ter feito bem melhor. Já Kuchta deu a oportunidade a Diogo Costa de intervir ao menos uma vez na primeira parte.
Os avisos não chegaram a matar ou a esfolar como fez João Cancelo. Ainda as atenções estavam na vírgula que Cristiano Ronaldo quase conseguia concretizar diante dos defesas checos e o lateral português, muito perto do ângulo raso, anotou o primeiro golo.
Estava feito o 1-0 que Gonçalo Guedes não tardou em alargar num golo que, se for adjetivado de fenomenal, não entra em nenhuma hipérbole. Tudo começa numa variação de Rúben Neves de um lado ao outro do campo. Segue uma definição de Bernardo Silva que descobre a profundidade atacada por Guedes, onde esta não existia. A finalização foi o mais fácil.
Numa situação, o contra-ataque checo ameaçou a redução no marcador. Portugal dava a ideia de poder dilatar o resultado, mas não o fez, pois preferiu reduzir o andamento do jogo e conservar a vantagem obtida.
Com um final ao ritmo do Windows 98, os três pontos ficaram em Alvalade. Portugal passa a ver a concorrência na liderança isolada do grupo. Confira a galeria de fotos abaixo. Fotos: Pedro Loureiro / Avant Sports
Pedro Loureiro - Avant Sports - 1 de Agosto de 2022